sábado, 12 de outubro de 2013

Matemáticos revelam rede de riqueza que domina o mundo

"REPLICANDO" - Da New Scientist - 22/10/2011
 Gilson Lima. 
O gráfico - imagem - abaixo mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da economia mundial. O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma.
 Menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira.  Esse super-centro de atividade da rede não é necessariamente o resultado de uma conspiração.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
A suspeita é que as empresas podem até "competir" entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede. Isso talvez seja o segredo. Uma cooperação orgânica de longo prazo em consolidação. Que poder político mundial está em constituição? Um projeto de um sistema civilizatório além de seus próprios interesses egocêntricos está em constituição? Isso será definitivo para o futuro a longo prazo dessa própria rede e nós. Ou seja, os outros nós da rede. 

Além das ideologias


Conforme os protestos contra a centralização da riqueza na rede mundial se espalha pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.
A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de  Tecnologia de Lausanne, na Suíça.

Brasil precisa da Engenharia de Sistemas Complexos

Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.

"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."

Rede de controle econômico mundial

A análise usa a mesma matemática das redes empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores  dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.
O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.
Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.
O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.
A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.

Poder econômico mundial

Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.
Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.
Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.
E isso não é tudo.

Super-entidade econômica

Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.
"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.
Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.
Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.
Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas

1. Barclays plc
2. Capital Group Companies Inc
3. FMR Corporation
4. AXA
5. State Street Corporation
6. JP Morgan Chase & Co
7. Legal & General Group plc
8. Vanguard Group Inc
9. UBS AG
10. Merrill Lynch & Co Inc
11. Wellington Management Co LLP
12. Deutsche Bank AG
13. Franklin Resources Inc
14. Credit Suisse Group
15. Walton Enterprises LLC
16. Bank of New York Mellon Corp
17. Natixis
18. Goldman Sachs Group Inc
19. T Rowe Price Group Inc
20. Legg Mason Inc
21. Morgan Stanley
22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
23. Northern Trust Corporation
24. Société Générale
25. Bank of America Corporation
26. Lloyds TSB Group plc
27. Invesco plc
28. Allianz SE 29. TIAA
29. Old Mutual Public Limited Company
30. Aviva plc
31. Schroders plc
32. Dodge & Cox
33. Lehman Brothers Holdings Inc*
34. Sun Life Financial Inc
35. Standard Life plc
36. CNCE
37. Nomura Holdings Inc
38. The Depository Trust Company
39. Massachusetts Mutual Life Insurance
40. ING Groep NV
41. Brandes Investment Partners LP
42. Unicredito Italiano SPA
43. Deposit Insurance Corporation of Japan
44. Vereniging Aegon
45. BNP Paribas
46. Affiliated Managers Group Inc
47. Resona Holdings Inc
48. Capital Group International Inc
49. China Petrochemical Group Company

Bibliografia:
The network of global corporate control Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv 19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.5728

sábado, 5 de outubro de 2013

FESTINA LENTE – apressa-te lentamente

Dr. Gilson Lima
Cientista em Reabilitação. Pesquisador de Acessibilidade CNPQ-Ortobras. gilima@gmail.com


 A nova geração de nativos digitais cresceu imersa em tecnologia que continuamente se torna mais poderosa e compacta, literalmente, o ciberespaço em seus bolsos. Eles processam multitarefa e paralelo com facilidade e seu acesso à estimulação visual e auditiva programou seus cérebros a desejar gratificação instantânea. Neurocientistas na Universidade de Princeton descobriram que nosso cérebro usa diferentes regiões para equilibrar recompensas de curto prazo e de longo prazo. Quando tomamos decisões que instantaneamente gratificam as nossas necessidades, o centro emocional do cérebro no sistema límbico assume. Mas essas regiões têm dificuldade de pensar para o futuro e os circuitos neurais nos centros lógicos do cérebro no lóbulo frontal e córtex parietal são necessários para nos tirar do estressado estado permanente de recompensa.
O bombardeio de estimulação digital em mentes em desenvolvimento os ensinou a responder mais rapidamente, mas eles codificam a informação de maneira diferente da mente dos mais velhos. Nativos digitais tendem a ter menor atenção, especialmente quando confrontada com as formas tradicionais de aprendizagem. Esta jovem geração high-tech realiza mais de uma tarefa ao mesmo tempo constantemente, baixando músicas para seus celulares, Smartphones, iPods e enviando mensagens instantâneas para seus amigos enquanto fazem o dever de casa. Seus jovens cérebros em desenvolvimento são muito mais sensíveis à entrada do meio ambiente do que os cérebros mais maduros. Ironicamente, são as mentes mais jovens que não apenas são as mais vulneráveis à influência alteradora de cérebros como também é a mais exposta a ela de modo menos consciente, mas ativa.
Pesquisas apontam que os jovens estão gastando mais e mais tempo e expondo seus cérebros para todas as formas de novas mídias. Um estudo de 2005, da Kaiser Fundation e universidade de Stanford, com mais de duas mil crianças e adolescentes com idade entre 8 e 18 anos descobriu que as exposições diárias totais de mídia haviam aumentado ao longo dos últimos cinco anos, de 7 horas e 29 minutos para 8 horas e 33 minutos. Hoje adolescentes estão gastando mais tempo online do que uma jornada completa de trabalho de oito horas por dia expondo seu cérebro à tecnologia digital. Por gastar tanto tempo olhando e interagindo a-simbioticamente com uma tela de computador ou de televisão, estes jovens não estão solidificando de modo complexo as vias neurais que seus cérebros precisam para desenvolver tradicionais habilidades de comunicação face a face e o uso indiscriminado da Web reduz a hermenêutica de profundidade e sua realização acadêmica e interfere com suas vidas sociais. Cada hora a mais de tela sedentária por dia - modelada apenas pela recompensa - aumenta o peso e também adoece.
Festina Lente então. Apressa-te, mas lentamente.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Google Glass é a invenção do ano, segundo revista Time. Será?

Modéstia a parte discordo totalmente da revista Time e de vários tecnólogos entusiastas do Google Glass.
Dr. Gilson Lima
Cientista em Reabilitação e Pesquisador de Acessibilidade CNPQ-Ortobras.
gilima@gmail.com

A Google é uma fábrica de invenções ninguém pode negar. Uma referência de pesquisa em inovação também. Porém os óculos do Google (Google Glass ) vai numa direção contrária a minhas abordagens simbióticas. Azar meu. Talvez ele até pegue ou estoure no mercado de consumo e novos hábitos. Acho difícil, mas tem tanta coisa de alta complexidade tecnológica que nos faz regredir que esse seria apenas mais um caso.
Na minha perspectiva o Google Glass é um exemplo de como uma tecnologia de ponta pode nos tornar também piores do que somos.
Temos uma complexa rede neuronal e comportamental da visão. Vemos o mundo colorido e em três dimensões em tempo real. Para isso acontecer, no complexo processo de migração e formação celular desde a nossa fecundação tem um determinado momento e num determinado tempo (janela de oportunidade) que conseguimos definitivamente ver tudo em nossa volta como uma coisa só - mesmo tendo dois olhos.
Unificamos o mundo. Nosso cérebro é altamente adaptativo, mas tem seus limites - é claro. A retomada em uma nova dualidade simétrica da visão é um avanço ou retrocesso? Nossa inteligência mais complexa é intuitiva e não neuronal-informacional (o que as novas pesquisas e análises estão revelando e bem ao contrário do que as grandes corporações do digito binário nos impõe). Nossa inteligência é inconsciente, analógica e ao que tudo indica o papel da informação computada é mais primário do que imaginávamos. Imagine agora voltarmos a ter um mundo digital e dual no olhar? Um olho vital orgânico e outro inorgânico e processando informações da rede em dígitos binários do universo da informática. Nossa intensidade focal de energia não é assimétrica. Quando focamos intensamente algo seria (como um ponto de cada vez intensamente focado). Concentrar intensamente em algo focal é desacelerar a atenção de outro.  
Qual o caminho do Google Glass uma cooperação ampliada ou um retrocesso? Acredito que é um retrocesso. Somos complexos demais para sermos duais na visão. Ganhamos a unificação da visão e perderemos novamente. É um retorno da evolução conquistada pelos nossos antepassados. Nesse caso, digo novamente, nesse caso, para mim a tecnologia digital é um atraso.
Preferia que o Google fizesse uns óculos que potencializasse nossa escala de visão microscópica e ou macroscópica (micro e macro), mas unificada e sem danos de nossas conquistas orgânicas. Imaginem que um Condor andino pode ver um peixe dentro do mar voando a quase dois mil metros. Um óculos desse em cooperação com nossa unicidade visional ajudaria bastante.

Vamos lá. Ainda bem que a fábrica de invenções do Google tem muitas novidades que vão nos ajudar muito como é o caso do projeto "Loon", que pretende revolucionar o acesso global a Internet móvel por meio de balões de ar quente que flutuarão a 20 km do solo (na estratosfera). Porém o Google Glass não me parece ser uma delas. Imagine então você conversando com um usuário desses e ele conectado em tempo real podendo gravar sem sua autorização o que acontece ao seu redor. Precisaria algo em neon dizendo: cuidado você está sendo filmado. Seria realmente algo muito chato de conviver com esses usuários.